Então vamos lá… o que é unção?
Tecnicamente falando, ungir é derramar óleo ou lubrificar externamente. De uma forma bem simples, podemos dizer que unção é ter óleo. Biblicamente falando, somente eram ungidos Reis, Profetas e Sacerdotes. Ninguém biblicamente foi ungido músico, missionário, pastor, apóstolo etc. Paulo escrevendo a Timóteo diz que ele foi reconhecido por imposição de mãos mas não menciona nenhuma unção ‘funcional’ (2 Timóteo 1:6 “Por isso, torno a lembrar-te de que avives o dom de Deus que há em ti pela imposição das minhas mãos”). Ademais, havia uma unção para cura de enfermidades que é confirmada no Novo Testamento por Tiago (“Entre vocês há alguém que está doente? Que ele mande chamar os presbíteros da igreja, para que estes orem sobre ele e o unjam com óleo, em nome do Senhor” Tiago 5:14).
Eventualmente em algumas situações, objetos foram ungidos mas SEMPRE no Antigo Testamento, com a finalidade de consagrar ao uso sacerdotal como foi o caso do tabernáculo e seus utensílios. Não tem menção no Novo Testamento de nada neste sentido, especialmente pelo fato de que a base da Nova Aliança é espiritual e não uma lista de procedimentos.
No Novo Testamento, embora textualmente as bases sejam fracas, a representação é espiritual se referindo ao Espírito Santo como óleo, de modo que a ‘unção’ seria a própria manifestação Dele. Não podemos deixar de lembrar que a palavra habraica para ‘ungido’ é Messias e em grego é ‘Cristo’ – ou seja, o único de fato UNGIDO no sentido pleno é Yeshua a quem chamamos de Jesus em nosso idioma. Não seria absurdo então dizer que ‘sentir a unção’ seria na verdade sentir a Presença do Ungido.
Tem muito folclore nessa coisa toda, baseada em tradições e usos/costumes que não tem necessariamente base bíblica. Rotineiramente a gente ouve coisas como ‘unção de Daniel’ mas Daniel não consta ter sido ungido para nada. É unção de um e de outro, para ilustrar uma habilidade ou dom especial que o referido tinha. Mas biblicamente, não tem relação com unção. Chamar dom espiritual de ‘unção’ não chega a ser uma heresia, mas a base bíblica é fraca. O Bira tem um lindo dom para nos dirigir em adoração, não precisa portanto que ele tenha ‘unção para isso’. Também não há necessidade de legalismo como alguns forçam de que ungir é necessariamente errado – ungir um pastor por exemplo é uma analogia meio forçada com ungir um sacerdote, mas para levar ao pé da letra não cabe pois no Novo Testamento (onde estão os pastores) todos são raça eleita e sacerdócio real (universal, inclusive).
Podemos então concluir que o que habitualmente se chama de unção é nada mais nada menos que uma manifestação mais saliente de Deus na Pessoa do Espírito Santo, que aliás habita em nós portanto não é uma visitação. Ansiamos pela volta do Noivo, mas o padrinho do casamento veio na frente preparar a noiva para ser apresentada ao Pai do Noivo.
Para falarmos então sobre ‘Presença de Deus’ temos de tomar alguns cuidados. Se cremos num Deus Onipresente, Ele está presente em todos os lugares ao mesmo tempo. O correto então é falarmos em Presença Manifesta, ou seja, não apenas está Presente como também faz algo que O torna saliente, perceptível, notável. Fazendo uma comparação, Ele não vai embora (sempre Presente) mas as vezes fica bem quietinho.
Isso pode ser circunstancial, como por exemplo em uma reunião de pessoas buscando à Deus. Ele se manifesta com Presença Poderosa – mas não estava ausente antes, apenas se manifestou. Isso pode ser pessoal – uma pessoa que individualmente fala, age, anda e em tudo manifesta um Deus tão ‘presente’ que chama a atenção, mas de novo Ele não vai embora nunca pois o Espírito Santo reside, mora, habita.