A despeito de algumas referencias bíblicas, a meu ver fora de seu contexto, não consigo concordar em chamar o prédio onde a igreja se reúne de ‘igreja’, embora posso considerar tolerável (já no limite). MAS para mim está completamente errado chamar de ‘casa de Deus’. Vamos ver se conseguimos deixar isso mais às claras.
“Peço ao Eterno uma coisa, apenas uma coisa: Que eu possa viver com ele em sua casa durante toda a minha vida. Ali, contemplarei sua beleza e estudarei aos seus pés” Salmos 27:4 (MSG)
Daí vem alguém dizer olha ali ó… Só que esse era o contexto de um templo feito a mando de Deus em 1Cronicas 29, num tempo e numa época em que o Espírito Santo de Deus se manifestava pontualmente vindo sobre as pessoas. Ainda não havia se cumprido a promessa do profeta Joel, que só ocorreu cerca de 1000 anos depois em Atos 2 na comemoração da festa de Pentecostes (outra polêmica para outro estudo). E mais do que isso, temos que tomar premissas e respeitá-las, sendo que um dos pilares fundamentais da interpretação bíblica é de que as Escrituras não se contradizem – posso afirmar tacitamente que se você encontrar uma contradição, é você que está enganado e entendeu algo errado, precisa estudar mais a fundo. Fica difícil explicar Atos 17:24 dizendo “O Deus que fez o mundo e tudo o que nele há é o Senhor do céu e da terra, e não habita em santuários feitos por mãos humanas.” (NVI) e mesmo 1 Coríntios 3:16,17 dizendo “Vocês não sabem que são santuário de Deus e que o Espírito de Deus habita em vocês? Se alguém destruir o santuário de Deus, Deus o destruirá; pois o santuário de Deus, que são vocês, é sagrado.” E agora? É muito simples: épocas diferentes, contextos diferentes, revelação mais adiantada, se preferir pode até usar a palavra dispensação.
Não é uma contradição é uma evolução. Deus não muda, nem precisamos citar os textos bíblicos, mas não isso não significa que o que Ele disse ou decidiu nunca vá mudar. Ele não é homem para que precise se arrepender, claro, mas conforme o andar dos acontecimentos suas decisões vão para uma ou outra direção. Não consigo ceder ao fatalismo de uma compreensão divina irredutível que lança decretos imutáveis, se leio tantos SE na Bíblia. Se me ouvir, se me obedecer, se alguém abrir a porta…. Há mais de uma opção, preditas pelo Eterno é claro, mas é plural. E mais, a opção de hoje pode amanhã não servir. Já foi altar, já foi uma tenda, já foi um tabernáculo, já foi um templo… Entenda, não é mais! Agora sou eu, agora é você, agora é cada um de nós.
Prefiro entender que sou casa de Deus do que de habitar na ‘casa dele’. Não consigo encontrar outra forma de entender….
Agora veja as implicações:
- Se eu vou para a casa de Deus, posso ir embora… como assim, vou me afastar Dele voluntariamente? é isso?
- Se eu sirvo na casa de Deus, posso parar de servir… daí posso escolher ser um inútil?
- Se a casa de Deus é um prédio, em caso de desabamento corre o risco de Deus ficar desabrigado? Ele vai para algum albergue?
- Se a casa de Deus é um prédio, posso escolher o que eu quiser porque são tantos… já ouviu falar em compromisso?
Agora se eu SOU a casa de Deus, implica no seguinte:
- Santidade não é uma opção, é uma consequência.
- O Espírito Santo não vem sobre mim, ele habita em mim.
- Eu não sou mais o meu dono, Ele é meu dono.
- Eu não cuido do meu corpo por conforto, mas por gratidão.
- Eu não preciso me preocupar, tem Um que vai cuidar da ‘casa’.
Finalizo dizendo: entender que sou casa de Deus me leva a outro nível. Casa é habitação e se o Espírito Santo habitar…. ah meu irmão… É á única forma possível de entender e cumprir o propósito de Deus para minha para a sua vida. Não tem outra forma. A religião é apenas um conjunto de regras de causa e efeito – eu faço isso, acontece aquilo. Intimidade com Deus é outra coisa, totalmente diferente, onde a graça é tão superabundante que eu não vou querer pisar na bola com Ele, por gratidão e constrangimento.